Módulo B

Diversidade Bioconstrutiva: Soluções Arquitétonicas Bioclimáticas Tradicionais

A preocupação com o meio ambiente e a preservação dos recursos não renováveis têm levado à criação de soluções que possibilitem a convivência equilibrada entre o homem e a natureza.

O sector da construção tem sobre o ambiente um grande efeito e possui um importante papel no cumprimento das metas de um desenvolvimento sustentável que tanto hoje se fala.

Na região norte da península Ibérica existe um enorme património construído à base de elementos naturais, como a pedra, a madeira e a terra que abrange construções de habitação, muros de suporte de terra e de vedação. Muito deste património encontra-se degradado e requer processos urgentes de reabilitação com a obrigatoriedade de proteger, de preservar e de valorizar a construção tradicional que é parte integrante desta paisagem. A arquitetura vernácula desta região foi habilmente concebida de modo a ser integrada com o meio ambiente de uma forma subtil e contextual. Com o passar dos anos foi sendo esquecida e quando nos deparamos com uma obra de recuperação falta o conhecimento necessário acerca destes materiais.

É objetivo deste trabalho, no contexto da sustentabilidade e da reutilização de recursos naturais e locais, dar a conhecer os trabalhos de investigação desenvolvidos conducentes à valorização de recursos naturais e na caracterização das soluções arquitetónicas bioclimáticas tradicionais.

B.1 - O património de soluções bioclimáticas – arquitetura tradicional de Trás-os-Montes e práticas dos nossos antepassados

Caracterização das tipologias construtivas e materiais de construção tradicionais da região em estudo e das estratégias bioclimáticas passivas empregues com o objetivo de melhorar o desempenho energético dos edifícios.

Orador: Jorge Vaz (IPB)

B.2 - Estratégias passivas de aquecimento e de arrefecimento

Aquecimento: Ganho direto (envidraçados e claraboias); de ganho indireto (paredes de inércia, paredes de trombe, coberturas de água); de ganho isolado (estufas, sistemas de termossifão)

Arrefecimento: diretos (ventilação natural e cruzada, construções enterradas, refrigeração por evaporação, refrigeração por desumidificação); indiretos (refrigeração por elementos de armazenamento térmico); separados (ventilação através de zonas separadas).

Orador: Isabel Abreu (IPB)

B. 3 - Análise das soluções bioclimáticas identificadas no âmbito do Projeto BIOURB:

As soluções bioclimáticas encontradas e inventariadas pelo Projeto Biourb, tais como cobertura verde, estufa anexa, climatização geotérmica, arrefecimento evaporativo, paredes de inércia, paredes vegetais, cobertura ativa captadora, espaços de transição orientados serão apresentadas. Outras soluções construtivas interessantes do ponto de vista energético, nomeadamente a colocação dos dispositivos de oclusão noturna, cor e materiais, as claraboias, as estruturas de madeira, paredes de alvenaria e ainda os revestimentos de paredes com a telha de meia cana e lousa são igualmente estudas em particular as técnicas de manutenção e conservação.

Orador: Débora Ferreira (IPB)

B.4 – Materiais e sistemas construtivos tradicionais: terra, pedra e madeira

SISTEMAS CONSTRUTIVOS EM TERRA

B.4.1 - Construção tradicional em tabique

A construção de tabique: incidência e particularidades; descrição dos elementos construtivos de tabique; sistemas estruturais tradicionais; patologias, estado de conservação, mitigação e manutenção.

Orador: Tiago Pinto (UTAD)

B.4.2- Construção tradicional em adobe

Neste módulo apresentar-se-ão brevemente as várias técnicas de construção com recurso à terra crua. Apresentar-se-ão aspetos gerais sobre a construção em adobe no Mundo e em Portugal, mostrando-se exemplos de construções em adobe. Discutir-se-ão as vantagens da construção em adobe e as limitações do seu uso. Serão discutidas as anomalias mais comuns nas construções de adobe, e os cuidados a ter para evitá-las. Serão apresentadas as ferramentas de suporte à caracterização dos materiais e das alvenarias de adobe, bem como das próprias construções. Expor-se-ão algumas soluções de reforço estrutural. Finalmente serão discutidos os resultados de investigações recentes sobre as construções existentes de adobe em Portugal, e serão apresentadas as conclusões e os ensinamentos retirados que podem influenciar a construção de novos edifícios de adobe, compatíveis com as atuais exigências de conforto e segurança.

Orador: Prof. Humberto Varum (UA)

B.4.3 - Técnicas de construção de paredes em taipa (aula de laboratório)

Introdução à construção em taipa e adobe, com incidência nos métodos construtivos, patologias e soluções de conservação. Aula prática sobre ensaios de caraterização do solo para avaliação da adequabilidade para a construção nova em terra ou para a sua utilização em intervenções de conservação.

Orador: Rui Silva (UM)

SISTEMAS CONSTRUTIVOS EM PEDRA

B.4.4 -Reabilitação de edifícios antigos de alvenaria em pedra: casos práticos

Introdução à construção em pedra e seus constituintes. Propriedades mecânicas, formas de rotura e verificações de estabilidade. Comportamento sísmico e métodos de análise a adotar. Metodologia de intervenção e discussão de casos de estudo.

Orador: Paulo Lourenço (UM)

B.4.5 Técnicas de construção/reparação de uma parede em xisto (LAB)

Intervenções em edifícios antigos de alvenaria de pedra. Consolidação e reforço das estruturas e substituição de rebocos ou argamassas de junta, usando materiais e técnicas semelhantes aos originais e compatíveis com as alvenarias antigas.

Orador: Eduarda Luso (IPB)

SISTEMAS CONSTRUTIVOS EM MADEIRA

B.4.6 - Desmistificar o uso da madeira como material de construção

A madeira versus outros materiais de construção. Diferentes espécies de madeira. Principais propriedades mecânicas e térmicas da madeira. Degradação das propriedades em função da temperatura. Resistência ao fogo da madeira. A carbonização e o processo de pirólise na madeira. Equações simplificadas (Eurocódigo 5). Métodos de cálculo avançados para análise de sistemas construtivos em madeira sob ação do fogo (pavimentos e coberturas).

Orador: Elza Fonseca (IPB)

B.4.7- Casos práticos de recuperação/reabilitação de estruturas de madeira

Apresentação de conceitos gerais relativos à intervenção em estruturas existentes de madeira recorrendo a alguns casos de estudo em que a Universidade do Minho participou. Qualquer intervenção inicia-se pela inspeção visual, complementada muitas vezes por ensaios não-destrutivos para a caracterização do coeficiente de segurança da estrutura. Somente depois, se pode dar inicio à proposta de intervenção que normalmente recorre a elementos metálicos.

Orador: Jorge Branco (UM)

B.5 - Soluções inovadoras de construção bioclimática - coberturas ajardinadas e paredes verdes

A procura continuada das cidades, pela população, tem gerado um elevado crescimento dos centros urbanos em planos verticais e horizontais, transformando os espaços verdes em grandes blocos de betão e superfícies asfaltadas, contribuindo para inúmeros efeitos negativos, entre os quais o aquecimento global e a impermeabilização das grandes cidades.

O crescimento sustentável é, neste sentido, estratégia obrigatória para o planeamento urbano. Deste modo, as soluções construtivas sustentáveis são cada vez mais uma opção. A utilização de coberturas e paredes verdes, que têm vindo a contribuir para uma crescente melhoria da qualidade de vida urbana, introduz inúmeros benefícios ambientais e estéticos, sociais e económicos no sistema urbano

Orador: Lígia Vaz de Figueiredo

B.6 - Análise do Ciclo de Vida (ACV) e Gestão de Resíduos

Contribuir para a criação de uma nova atitude quotidiana, ambientalmente consciente no que diz respeito à utilização de bens e serviços, é uma responsabilidade comum. A indústria da construção deverá assumir essa responsabilidade na realização de um produto que satisfaça as exigências de funcionalidade, segurança, durabilidade, estética, economia e ambiente ao longo do seu ciclo de vida. A necessidade de analisar à partida o ciclo de vida dos materiais utilizados na construção é crucial para a avaliação da sustentabilidade. Para ela, contribui também a forma como as construções são projetadas, construídas, adquiridas, utilizadas, mantidas, reparadas, reabilitadas e, finalmente, desmontadas e demolidas ou reutilizadas e recicladas. Nesta perspetiva serão evidenciados aspetos do processo de gestão dos resíduos de construção e demolição (RCDs).

Orador: Rafael Correia (Câmara Municipal de Bragança)

B.7 - A reabilitação acústica no contexto da sustentabilidade

A reabilitação começa a assumir hoje em dia um papel de destaque nas novas necessidades de revitalização das cidades. De facto, a desertificação dos núcleos urbanos devido a políticas expansionistas que apostaram fundamentalmente na construção nova, tem originado a degradação do património construído e a falta de vivência sócio-económica da cidade com um todo homogéneo, potenciador e criativo.

De entre os vários tipos de reabilitação que se podem promover no campo do edificado – estrutural, organização de espaços, segurança contra incêndio, qualidade do ar, térmica, etc. –, pode, analogamente, conceber-se uma reabilitação acústica, a qual deve, por princípio, ser sempre integrada e correlacionada com todos os outros tipos de reabilitação, quando tal se justificar. Este tipo de reabilitação, vista num sentido globalizante, envolver tecnologias de construção e qualidade de materiais que favoreçam o conforto acústico nos edifícios, mas também a aplicação de soluções urbanísticas e de gestão de ruído que contribuam para a melhoria do ambiente exterior, as quais irão indiretamente influenciar a qualidade do ambiente no interior.

Neste âmbito, importa ainda ter presente que qualquer acção de reabilitação (acústica, térmica, ventilação) deve procurar observar, sempre que possível, a manutenção/criação de um ambiente sustentável, num equilíbrio de compatibilização entre as várias componentes em presença, tanto na linha das exigências funcionais, como dos critérios de projecto e de desempenho das soluções construtivas adotadas.

Orador: Jorge Patrício

B.8 - Visitas de estudo aos edifícios em construção do Ecodomus e Brigantia Ecoparque

Acompanhantes: Débora Ferreira, Sílvia Fernandes

O módulo B terá uma duração total de 20H presenciais e 18H de visita de estudo.

B.9 - Visita de alguns dos sistemas bioclimáticos existentes na região

Acompanhantes: Eduarda Luso, Jorge Vaz